segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Testamento

Escrevo aqui, completamente sobre o controle das minhas faculdades mentai e sobre livre e espontânea vontade. Ato tal testemunhado pela minha solidão e minha indecisão, sem esquecer da ilustre presença da minha outra personalidade.

Deixo assim, para meu braço direito, nossos bons momentos, risadas e lembranças que se estabeleceram de forma tão singular em menos de um ano, risadas, verdades expostas sem o menor pudor e uma aposta da qual eu em minha cova hei de clamar vitória.

Para meu adorado emaranhado de cabelos vermelhos, deixo as músicas quais te ensinei, a dança qual te forcei a dançar, os abraços e os beijos que passaram e que ficariam de vir, e a promessa de ser levado no teu peito ou nas tuas memórias para a vida toda.

Para a encantadora e sensual alemã-brasileira qual me apaixonei certa feita, deixo minhas promessas ainda não cumpridas, pedidos de desculpas e palavras de encorajamento, você sim é forte e capaz de seguir, sozinha, acompanhada, por qual seja o caminho e por mais tortuoso que seja, cresça, pois minha filha há de ter teu nome.

Para meu flautista preferido, irmão e amigo de qualquer momento, deixo a coragem, a coragem de descobrir que o mundo é muito maior que tudo o que se passa ai dentro, e é tanto meu pequeno. Se deixe amar, se deixe sentir, se deixe falar, me deixe falar que é o que eu mais quero, guardar tua amizade pra sempre dentro de uma tartaruga de barro que um dia passou pelas minhas mãos até as tuas.

Para meu filho adotivo, o mais velho deles, que por mais que relacionados por sangue sejamos completamente estranhos entre nós, todo o bem querer do mundo que seu querido "pai" não sabe demonstrar ter.

Para minha querida mãe, mulher guerreira, das mais fortes e mais encantadoras que já conheci, minha admiração, todo amor do mundo e mais coisas das quais até eu desconheço que sinto.

Para meu pai, meu desapontamento comigo mesmo, por não ter sido o filho que o senhor merece ter, e toda a sorte do mundo, para conseguir que seus outros dois o façam como eu gostaria de ter feito.

E enfim, para a minha lua, meu beija-flor, deixo o MEU soneto da fidelidade, a promessa de um amor eterno, as lembranças da mulher que me arrancou mais sorrisos e mais lágrimas, a torcida de uma realização completa. Deixo também, nossa casa em Londrina, nossos churrascos em família, nossa noite em praia do forte, e as mais doces memórias do amargo do café gelado com chantili. Deixo para ti meus filhos, e a certeza de que eles serão só seus se você os quiser, deixo para ti meus discos, meus medos, meu temores, meus pesares, meus risos, meus poemas, minhas lágrimas, meus desejos mais sacanas e minhas declarações de mais puro amor.

Deixo assim, para todos, minhas humildes desculpas.


QueirozBarreto

22/08/2011
Salvador - Bahia - Brasil

domingo, 21 de agosto de 2011

Do teu cheiro, a cor do teu beijo.


E depois que nossas pernas se perderam entre elas, nossos cheiros formam uma única fragrância, nosso compasso se tornou preciso, e o tempo já parou a eras, é que se percebe que o aroma do toque, o doce do cheiro, o vislumbre do arquejar, o calor do olhar e o gosto do teu eu, já é pra mim como o chantili por cima do capuccino gelado: essencial.

sábado, 20 de agosto de 2011

E você, tem medo de que?

Uma certa feita me perguntaram do que eu tinha medo. Logo, pensei em responder o óbvio, de espíritos, de aranhas, de ladrão e da morte. Então, me pareceu faltar algo, melhor, me pareceu estar errado. Tá, eu de fato não gosto da ideia de viver um filme de terror ao "ver" uma pessoa imaterial no meu quarto, me arrepia só pensar na possibilidade de algo do tamanho de um feijão subindo no meu pescoço preparando para dar o bote, não é nada legal imaginar alguém invadindo a sua casa e levando tudo que está lá dentro, pior ainda se você estiver dentro e DEFINITIVAMENTE só o fato de parar de respirar, de sentir... me apavora.
Uma certa feita, me fiz uma pergunta. "Do que eu tenho medo?" E parei, pensei e na verdade, tudo que me vinha na cabeça era "medo". Medo do medo, deve ser algo por aí, ter medo de algum dia, o sentimento do medo tomar conta de mim. Temer o temor, temer que as coisas possam sair do meu controle a ponto de me causarem medo, temer que um dia eu tenha medo de espírito, tenha medo da aranha, tenha medo do ladrão ou da cova. Acho que é isso aí, medo do medo é o pior sentimento que se pode cultivar dentro de você.