sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O mundo, é escuro.

E depois que cada castelo caiu, tirando de mim a sensação de proteção.
E depois que aquele sorriso sumiu, indo embora sem me devolver o coração.
E depois que aquela águia caiu, e se perdendo inerte em meio a plantação.

Nada restou

Nem elo, nem "iso", nem ia
Nem sol, nem amor, nem folia
Nem força, nem sorte, nem alegria

Nada restou
Nada sobrou
Nada se cria, nada se transforma, tudo se acaba.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Minguante

Não da mais pra voltar atras
O que foi feito, está feito
Não haverão mais horas a mais
A não ser nas lembranças que levo no peito

Não haverá mais por do sol
Ou manchas na camisa
Nem o cristo tinto em verde
Atingido pela baliza

Mas haverão sorrisos
Risos e mais risos
Pois onde não há mais disto
Ainda há um pouco daquilo

E não adianta acreditar em algo novo
Ou em algum tipo de renascimento
Não adianta lembrar dos tombos
Ou daquela noite no estacionamento

Mas a marca foi deixada
Cicatriz a mais pra coleção
Cada uma bem singular
Como cada nota de uma canção

E até que cicatrize
Vou andar por aquela rua
Como um gato preto só
A miar para a lua.

Para minha lua.

Um pequeno pedaço

E eu senti num abraço apertado
A calmaria pós-tempestade
Mas havia de esperar sentado
Era apenas o começo da viagem

E eu senti um calor árctico
No aconhego daquele abraço
Resando pra este atar laço
E mandar aquela caixa pra longe

Eu senti o frio do aço
Perfurando meu pulmão
Quebrando minhas costelas
Esmagando meu coração

Eu não sentia mais nada
Nem calor, nem calma, nem faca
Não ouvia nada mais
Alem da minha respiração, fraca

Mas porque viver no passado?
Estou aqui borrando a página
Escrevendo angustiado
Por um fato consumado

E tremendo de frio volto ao meu leito.
Com um buraco enorme aberto no peito
Um lápis mau apontado
E toda a dor de um sentimento.

Pois eu tento transformar lágrimas, em poesia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010


''De tudo haveria para nós
um sentimento longínquo
de coisas esquecidas na terra - Como um lápis numa penísula''

Manoel de Barros

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Faxina da Alma


''Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida e, o mais importante, acreditar em você de novo. Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado. Chorou muito? Foi limpeza da alma. Ficou com
raiva das pessoas?

Foi para perdoá-las um dia. Sentiu-se só por diversas
vezes? É porque fechaste a porta até para os anjos.

Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora.

Pois é... agora é hora de reiniciar, de pensar na luz, de
encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Um corte de cabelo arrojado diferente, um novo curso, ou aquele velho desejo de aprender a pintar, desenhar, dominar o computador, ou qualquer outra coisa. Olha quanto desafio, quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando... Ta se sentindo sozinho? Besteira, tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento".

Tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você. Quando nos trancamos na tristeza, nem nós mesmos nos suportamos, ficamos horríveis. O mau humor vai comendo nosso fígado, até a boca fica amarga. Recomeçar...

Hoje é um bom dia para começar novos desafios.

Onde você quer chegar? Alto? Sonhe alto! Queira o melhor do melhor. Queira coisas boas para a vida. Pensando assim, trazemos prá nós aquilo que desejamos.

Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos. Já se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar na nossa vida. E é hoje o dia da faxina mental.

Jogue fora tudo que te prende ao passado, ao mundinho de coisas tristes. Fotos, peças de roupa, papel de bala, ingressos de cinema, bilhetes de viagens e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados.

Jogue tudo fora, mas principalmente esvazie seu coração. Fique pronto para a vida, para um novo amor.

Lembre-se, somos apaixonáveis, somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes, afinal de contas, nós somos o "Amor".

''Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura.'' ''



Carlos Drummond de Andrade

domingo, 7 de novembro de 2010

Cartas a ninguém




Acho que o mais triste de toda essa história é o fato de tudo isso te causar medo, ou assustar, chame como quiser. Não digo triste pra você, na verdade, digo sim, mas é mais triste pra mim que acredito em tal ser.
Mas não falemos de crenças, falemos de fatos, e os fatos lhe são bem claro, querida, pra mim, pra você, pra todos. Você sempre sabe quando tento lhe dizer algo, mas sempre acha que eu tento lhe dizer algo, e pode estar certa, ou errada, pois eu sempre tento lhe dizer algo, porem é sempre a mesma coisa. Espero que o meu tentar te dizer algo apesar dessa repetição de ''algos'' e dizeres ''maçantes'' tenha sido claro, caso não tenha sido, tentarei de outra forma, eu tenho muita coisa a lhe dizer, coisas essas que se juntam, mostrando pra você a real imagem por traz de tantos pedaços, como peças de um quebra-cabeça, daqueles de mil peças, nada fácil de se resolver, pode acreditar não é nada fácil.
Mas sabe, aquilo que tanto te assusta me seduz, me prende, me balança de um lado para o outro, para cima e para baixo, brinca, me arrisca, me atiça, até causar-me feridas, e acredite, elas ardem muito. Um dia, quem sabe, esse ''monstro'' que vive debaixo da sua cama e dentro da minha cabeça me soltará, mas hoje posso te dizer que estou amordaçado, por menos que pareça, e prefiro que menos pareça, assim, consigo manter longe de você o que te amedronta, você não ficará vivendo pesadelos e eu terei feito a ti um bem, me satisfazendo de certo modo.
Como remédio vou tomar aquela dose de boas lembranças, dois comprimidos de tempo e repousar a luz daquela linda lua que se tornou de uma beleza diferente depois que passei a ver a vida com os novos olhos que me deu, se é que me entende.

PS: Desculpe, mas preciso desculpar-me novamente

Eternamente seu,
QueirozBarreto

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Diário de um jovem marinheiro


Acho que não fui bem claro

O que eu realmente queria não era qualquer afago, o que eu realmente não precisava era passar o dia vendo de longe o balanço do mar, o que eu realmente não esperava era ter de seguir um caminho diferente, mas foi necessário.

Necessário, pois creio que eu não posso satisfaze-la, creio que o que nos separa seja seu medo, medo de se entregar, medo de acreditar naquilo que você diz não existir. Mas não estou aqui para julgar ninguém, estou aqui para lhe dizer ''lua minha'' que ainda és meu satélite, que sempre estará comigo em uma página inteira daquele meu amigo que você jurava lhe assustar tanto, que sempre vou te encontrar em meio a multidão, por menor que possa ser sua luz, ela é singular, bela e hipnótica, como teu jeito de andar e aquele sorriso que julgava estar cada dia mais bonito.

Mas eu vou partir, acatando novamente seu desejo, como fiz com todos os outros que me preocupava tanto em realizar com maestria e precisão. Vou navegar outro mar, Mariana, navegar outras ilhas e ancorar em outros portos, pois tenho esperança de quando meu barco atracar novamente nesta praia, numa noite de lua cheia, eu consiga constatar que alguém lhe fez bem a ponto da tua luz ofuscar o brilho de todas as estrelas. Só tenho uma coisa a lhe pedir, pequena, você tem a chave desta pequena caixa preta que leva sempre contigo do lado esquerdo do peito, não precisa ser para todos, mas à abra para você, e se desfaça das coisas ruins que possam estar la dentro, em particular uma, para que viva bem, é tudo que lhe peço.

Eternamente seu
QueirozBarreto